9.24.2007

Um filme indispensável, tocante e inspirador

Diários de Motocicleta

(Diarios de Motocicleta, 2004)

Gênero: Drama Duração: 140 min Origem: Argentina, Brasil, Chile, Inglaterra, Peru Direção: Walter Salles Roteiro: Jose Rivera, Che Guevara, Alberto Granado Produção: Michael Nozik, Edgard Tenenbaum, Karen Tenkhoff

Deja que el mundo te cambie y tu podrás cambiar el mundo

Antes começar a escrever meu comentário sobre o filme gostaria de reservar algumas linhas para contar um pouco da historia desse homem que segundo o filósofo Jean Paul Sartre foi “um dos mais completos seres humanos de nosso tempo”. O argentino Ernesto “Che” Guevara de La Serna (1928-67), hoje conhecido como revolucionário e líder político, foi um dos comandantes guerrilheiros que, ao lado de Fidel Castro, lutou contra o governo de Fulgencio Batista em Cuba. Alguns anos depois, na Cuba pós-revolução, descontente com o trabalho burocrático, Guevara deixou a ilha para organizar guerrilhas na América Latina em 1965. Acabou fixando-se na Bolívia, até o dia em que foi morto em 8 de outubro de 1967.

A figura de Guevara imortalizada pelo fotógrafo Alberto Korda, tornou-se uma das mais famosas e copiadas imagens do século XX. Nela, de boina, cabelos revoltos e bigode, El Che lança um olhar quase profético à distância. Hoje em dia é possível encontrar tal imagem estampada em diversas camisetas e até mesmo na pele de muita gente. O próprio Diego Maradona possui em um dos seus braços uma tatuagem da famosa imagem de seu compatriota.

Dirigido pelo brasileiro Walter Salles (Central do Brasil) e (Abril Despedaçado), Diários de Motocicleta teve como ponto de partida para o roteiro dezenas de biografias do revolucionário e, principalmente, dois livros de memórias: Con el Che por Sudamérica, de Alberto Granado, e Diários de motocicleta, do próprio Guevara. Ambos os livros registram as memórias de Ernesto e Alberto em sua viagem da Argentina à Venezuela no ano de 1952. Além dos livros, para produzir o longa foram necessárias horas de conversas com a família de Che e, principalmente, com o próprio Alberto Granado, na época, com 83 anos de idade.

Depois de quase dois anos de pesquisas - que incluíram a localização dos cenários verídicos pelos quais passaram Guevara e Granado -, o resultado da brilhante idéia do produtor executivo Robert Redford (Jogo de Espiões), de contar a história do jovem Ernesto Guevara, anos antes dele se tornar o "Che", faz de Diários de Motocicleta ser de longe um dos melhores filmes que já tive o prazer de assistir.

Brilhantemente interpretado por Gael García Bernal (Amores Brutos) e (O Crime do Padre Amaro), no filme Ernesto é um jovem de 23 anos que resolve realizar uma ambiciosa viagem com o amigo Alberto Granado (Rodrigo De La Serna, que também está excelente em sua performance). A historia se passa em 1952, quando os dois amigos decidem sair de Buenos Aires, na Argentina, com o objetivo de cruzar boa parte da América Latina, até Caracas, na Venezuela. Para realizar a viagem de 8 mil quilômetros, eles contam com La Poderosa”, uma motocicleta Norton 500, modelo 1939. Durante todo o percurso, a cada cidade por onde vão passando, Ernesto e Alberto descobrem uma América Latina repleta de contrastes. Não tão diferente como nos dias atuais, belezas naturais se misturam a um cenário de desigualdade e pobreza.

Tecnicamente o filme é tão incrível quando a historia de vida de Che, a fotografia belíssima e a comovente trilha sonora são algumas das principais virtudes do longa. Diários de Motocicleta é um daqueles filmes indispensáveis para qualquer pessoa, uma obra chocante e inspiradora. Para gostar do filme não é preciso ser um militante de esquerda, basta ser um pouco humanista. Se você ainda não assistiu não deixe de ver pois, assistir a Diários de Motocicleta pode mudar sua visão de mundo, assim como mudou a minha.

AVALIAÇÃO: 10/10

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