8.23.2007

Se você quer ação, esse é o filme

Transformers: O Filme (Transformers: The Movie, 2007)
Gênero: Aventura - Ação Duração: 144 min Origem: EUA Estúdio: DreamWorks - Paramount Pictures Direção: Michael Bay Roteiro: Roberto Orci, Alex Kurtzman
Michael Bay continua a mostrar o que sabe fazer como ninguem: Explodir coisas!
Lembro-me de que quando criança passava horas e horas na frente da TV assistindo os mais diversos desenhos animados. Cada um deles com seu estilo próprio, com sua historia e com seus personagens (alguns dos quais permanecem na minha memória até hoje).
No meio daquele emaranhado de desenhos e series de TV daquela época, estavam os TRANSFORMERS – Uma trupe de robôs que viram carros, ou se preferir, carros que viram robôs, que se digladiavam numa batalha sem fim. Como desde de pequeno gostei de carros, e sempre fui fã do Daileon, TRANSFORMERS conseguia juntar as duas coisas num unico lugar.[Para aqueles que não tiveram infância, Daileon era o robô do “Jaspion”].
Com o avanço da tecnologia aliado ao cinema, muitos dos super-heróis dos quais assistia quando criança aos poucos iam ganhando vida na telona. Não demorou muito para eu começar a imaginar como seria ver a pacandaria entre aqueles robôs do desenho no cinema. Demorou, mas chegou. E o melhor. Valeu a pena esperar! TRANSFORMERS chega às telonas mostrando para que veio. Com a produção do mestre Spielberg e direção do Michael Bay (convenhamos que se alguém sabe explodir coisas, esse é o cara), TRANSFORMERS é um dos melhores filmes de ação que já assisti.

Em todos os aspectos possíveis os Transformers enchem os olhos do espectador, mesmo para aqueles que não são (ou que até então não eram) fãs dos robôs. As seqüências das transformações sejam no ar, na estrada ou na cidade estão ótimas. Melhor ainda são as trapalhadas dos Autobots ainda não acostumados com a vida em nosso planeta. [A cena do quintal em que eles fazem de tudo para não serem descobertos está imperdível!]

Achei bastante coerente a escolha por poucos robôs (em torno de dez, ao todo), [Para aqueles que assistiam ao desenho na TV assim como eu, lembram de que a turma era bem maior] pois em algumas cenas a pancadaria é tanta, que fica difícil saber quem é quem. Mas isso não compromete a película, pelo contrario, as cenas de combate são de tirar o fôlego. Líder Optimus continua mantendo suas características que o fazem ser um “grande” líder, em todos os sentidos. Bumblebee, mesmo não sendo mais um Fusquinha como na série original, continua sendo o personagem mais carismático. Já os Decepticons estão mais assustadores do que nunca.

O filme começa num ótimo ritmo, os personagens e a trama são apresentados sem pressa, deixando tudo claro para o começo da pancadaria (que convenhamos, é o que realmente interessa, e o que faz de TRANSFORMERS ser um dos melhores filmes de ação já vistos). As batalhas não decepcionam, os efeitos especiais estão incríveis (como durante todo o filme), ver os Decepticons detonando tudo e todos os que ousam se meter em seu caminho é bastante divertido. A seqüência final da a impressão de tomar metade do filme, e embora o filme tenha a duração de 2:20 horas, ele parece ser bem mais longo, mas isso não é ruim, acreditem.
AVALIAÇÃO: 10/10

8.18.2007

Porque a vida não é um conto de fadas

Babel

(Babel, 2006) Gênero: Drama Duração: 142 min. Origem: EUA Direção: Alejandro González Iñárritu Roteiro: Guillermo Arriaga
Mais um delicioso filme amargo do diretor Alejandro Gonzalez Iñarritu.
“Um filme denso, seco, muito bem filmado, bem montado, bem produzido e consistente do início ao fim”. Seria assim que eu resumiria em uma única frase Babel, terceiro filme do mexicano Alejandro Gonzalez Iñarritu. Depois dos seus brilhantes Amores Brutos e 21 Gramas Iñárritu encerra com Babel o seu projeto ousado de montar três filmes sem uma estrutura convencional narrando histórias de personagens que possuem alguma ligação entre si.

Tomando como ponto de partida os princípios bíblicos da Torre de Babel, ao assistirmos o filme somos transportados para um universo incomunicável, egoísta, impiedoso, caótico e preconceituoso (não tão diferente do mundo em que estamos acostumados a ver nos noticiários). No filme, Richard (Brad Pitt) e sua esposa Susan (Cate Blanchett) viajam para o Marrocos na tentativa de recompor algo que foi perdido no passado. Durante a excursão um tiro atinge o ônibus em que estavam ferindo gravemente Susan. A partir desse acontecimento, presenciamos de forma não-linear as conseqüências dele para vários personagens em diferentes partes do mundo. Os filhos do casal são levados ao México para a festa de casamento do filho da babá e uma adolescente japonesa tenta lidar com os hormônios da juventude e as dificuldades que encontra por ser surda-muda. Enquanto isso, os garotos marroquinos que brincavam com um rifle sofrem com o incidente.

Logo de cara dá para perceber que "Babel" não é um filme para qualquer espectador. Repleto de metáforas cotidianas e com um roteiro intenso, não me surpreenderia se durante a metade do longa algumas pessoas já se sintam cansadas e loucas para desistir de continuar a assistir e voltar a viver suas vidas “normais”. Mas para aqueles que apreciam o lado bom da sétima arte, “Babel” será um prato cheio que causa uma satisfação final por ter realmente assistido a um filme de qualidade, inesquecível e original.

“Babel” levou o Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Dramático, deixando pra trás o pop e quase cult "Os Infiltrados" do Scorsese. Mas o que faz da obra de Iñárritu superior são as dimensões que sua abordagem proporciona não somente aos personagens, mas também ao público. Saber dosar o lado social com o político é uma das marcas presentes nos filmes do mexicano. O que tenho percebido nas produções cinematográficas mais recentes é que estamos saturados de idéias. É raro darmos de cara com um filme cuja originalidade seja impecável e que os estereótipos ou caricaturas não existam e com “Babel” não seria diferente, mas coube ao diretor e roteiristas darem o melhor tratamento à película para fugir desse lugar comum e isso tem sido o principal objetivo de muitos cineastas: não abandonar os clichês, mas dar uma nova roupagem para eles.

Talvez o único erro do filme tenha sido Pitt e Blanchett, que apesar de ótimo atores, encarnam o tédio hollywoodiano que a tudo corrói.
AVALIAÇÃO: 10/10

8.09.2007

Violentamente Inovador

Apocalypto (Apocalypto, 2006) Gênero: Ação - Aventura - Drama Duração: 125 min. Origem: EUA Direção: Mel Gibson Roteiro: Mel Gibson Produção: Mel Gibson, Bruce Davey

Mel Gibson explora mais uma vez a realidade em seu mais novo filme.
Num mundo onde somos diariamente bombardeados por imagens de destroços causados por explosões de carros bomba nas ruas de Bagdá, som das vitimas ensangüentadas chorando e tiroteio envolvendo policiais e traficantes nas ruas do Rio de Janeiro em plena luz do dia, chocar as pessoas tem se tornando uma tarefa cada vez mais difícil.
Mas felizmente, Mel Gibson continua no caminho certo como diretor. O seu mais novo filme, depois dos brilhantes Coração Valente e A Paixão de Cristo, surge como um soco forte no estômago, daqueles que nos tiram o ar.
Sabe aqueles filmes que te deixam sem palavras? Pois é, Apocalypto é um deles. O filme não choca apenas pelo fato de ser um filme violento, até porque se fosse apenas por isso ele seria apenas mais um dos inúmeros filmes que a indústria americana insiste em nos empurrar aos montes. Não. Definitivamente Apocalypto não é apenas mais um filme violento. O filme nos choca por ser violentamente inovador, quase selvagem na capacidade de ser diferente de tudo já visto no cinema.

O filme nos conta a historia de Jaguar Paw. Pai de família, Paw vive feliz em uma pequena aldeia em algum lugar da America Central. Mas a tranqüilidade local acaba quando a aldeia é invadida por um grupo de guerreiros de outra tribo, que capturam pessoas para servirem como sacrifício em um templo maia. Durante o ataque Paw consegue esconder seu filho e sua mulher dos invasores. Porém o próprio Paw não tem a mesma sorte e acaba sendo capturado e levado ao templo. Sua jornada ao império maia e conseqüente fuga, na tentativa de resgatar sua família conduzem o restante do filme. Uma característica especial do filme é a capacidade de colocar o espectador dentro da ação. É espantoso como em poucos minutos somos tragados para dentro do filme. Ficamos tão confusos e desorientados dentro da grande cidade Maia como aqueles caçadores que só haviam ouvido falar daquele lugar como a terra lendária de pedra, onde saia sangue do chão. O medo que vemos nos olhos dos homens quando eles vêem os templos altos dos quais rolam as cabeças dos sacrifícios é tão instintivo que a nossa única reação é o silêncio. A violência ali é crua, densa, palpável e assustadora. E tão chocados quanto o protagonista ficamos nós. As cenas de ação são de tirar o fôlego. Jaguar Paw corre, pula, leva flechada, pula de cachoeira, sobe em árvore, e a câmera corre e pula junto, a impressão que temos é de estarmos correndo com ele no meio da densa selva, as vezes dá ate vontade de olhar para trás enquanto os perseguidores continuam a segui-lo freneticamente apenas alguns metros atrás.

O detalhismo como o filme apresenta a vida da época é impressionante. Antes mesmo do ataque à aldeia, logo na cena inicial em que uma anta é perseguida, já é possível notar a violência existente. Uma violência cometida não por maldade ou crueldade, mas pela própria necessidade de sobrevivência. E é justamente essa violência que faz com que o filme brilhe, ainda que seja em meio a muito sangue. Apocalypto é um excelente filme, muito bem escrito e produzido, merecia ter sido melhor lembrado no Oscar, até porque não é todo dia em que temos a oportunidade de assistir a um filme pesado, denso, repleto de ação do começo ao fim, violentíssimo, mas ao mesmo tempo criativo, belo e ousado em sua proposta. AVALIAÇÃO: 10/10