12.27.2007

Vale a pena ver de novo?

Porque mais importante que ver é rever

Numa manhã qualquer de um dia chuvoso, estava eu sossegado em meu quarto, quando, de repente, minha prima entra, para, olha durante alguns segundos para minha coleção de DVDs e dispara as frases que me motivaram a escrever esse texto: “Não entendo por que você coleciona filmes. Pra que ter um monte de filmes que você já assistiu? O que leva uma pessoa a assistir o mesmo filme mais de uma vez? Qual é a graça de ver um filme já sabendo o final?”

Foram tantas perguntas feitas de uma só vez que na hora não consegui elaborar uma boa resposta. Depois de pensar muito sobre o assunto, acabei tendo a idéia de escrever esse texto. Ele não é uma resposta apenas para minha prima, mas para todas as pessoas que possuem as mesmas duvidas que ela.

O hábito de rever filmes pode parecer estranho para algumas pessoas. Confesso que no inicio eu também estranhava, ainda mais pelo fato de ser uma pessoa bastante ansiosa, pensava: “Por que perder tempo assistindo a um filme que já assisti, podendo estar naquele momento vendo um inédito?”

Foi daí que num belo dia li em algum lugar, não me lembro mais onde, a seguinte frase: “Mais importante que ver é rever”. Essa frase me chamou bastante atenção. Comecei a refletir bastante sobre ela e cheguei a conclusão de que assistir a um filme mais de uma vez pode ser fundamental para termos uma melhor compreensão do mesmo. Porém, devemos sempre ter em mente de que ao revermos um filme do qual tenhamos gostado bastante no passado, corremos o risco de vermos cair a cortina do desencanto.

Para muitos cinéfilos, assim como eu, revisar filmes é mais que importante, é fundamental. Quem é que depois de ter saído da sala de exibição do primeiro “Matrix” não pensou: “Tenho que assistir a esse filme novamente”? Não importa qual tenha sido o motivo, seja porque durante a exibição do filme você deu mais atenção a sua namorada do que ao Neo, ou ficou com vontade de rever os efeitos de Bullet-Time” brilhantemente empregados pelos irmãos Wachowski durante as cenas de ação, ou pelo simples fato de não ter entendido NADA durante todo o filme.

O hábito de rever filmes vai mais além. Poder assistir de uma vez só à trilogia de "O Poderoso Chefão", é capaz de te fazer sentir como o próprio Don Corleone. Falando em trilogia, assistir a saga completa de "O Senhor dos Anéis" é, para os fãs, como que ser transportado durante algumas horas para o universo criado pelo mestre J.R.R. Tolkien. Deixando um pouco de lado as trilogias, de vez em quando, escolho alguns cineastas para acompanhar suas obras em ordem cronológica. Fiz isso com Alfred Hitchcock e Stanley Kubrick. Ultimamente, tive a oportunidade de acompanhar as obras de Quentin Tarantino. Ao assistir os filmes "Cães de aluguel" (1992), "Pulp Fiction" (1994), "Jackie Brown" (1997), "Kill Bill: Volume 1 e 2" (2003/2004) - nessa ordem – além de perceber diversos pontos em comum entre os filmes, podemos viajar um pouco pela mente de Tarantino e acompanhar sua evolução como diretor.

O problema é que com o passar do tempo e a depender do número de vezes que tenhamos visto determinada obra, ela vai perdendo o seu “brilho”, ou pior, percebemos que aquele filme que antes era tão divertido, hoje não passa de um filme chato. É como aquela piada que seu tio lhe contou pela primeira vez num churrasco de domingo e você morreu de rir, mas que hoje, depois de ouvi-lo contar a mesma piada tantas vezes, acabou perdendo a graça.

Isso acontece muitas vezes com os filmes reprisados pela nossa “queridíssima” Rede Globo de Televisão, que insiste em manter em sua programação filmes como: “Lagoa Azul”, “Curtindo a vida a adoidado”, “De volta para o futuro”, “O Pestinha”, “Esqueceram de mim” e por ai vai... Atire a primeira pedra aquele que não já passou boas horas em frente a TV assistindo a esses clássicos da “Sessão da Tarde”. Hoje em dia é possível rever os filmes que assistíamos durante nossa infância devido ao fato de muitos terem sido lançados em DVD. Isso nos dá a oportunidade de observar se eles continuam tão bons como antigamente. Já que na medida em que vamos amadurecendo e adquirindo conhecimento, podemos ver os filmes com outros olhos.

Por exemplo, imagine um filme do qual você tenha gostado bastante de ter visto no cinema. Depois de um tempo, o mesmo filme está disponível nas locadoras, daí você aluga, assiste e... De repente, lá pela metade do filme, você começa a perceber que aquele filme que você achou tão assustador ou tão divertido, não era tão bom assim.

Com medo de que isso aconteça, alguns filmes dos quais gostei muito, prefiro até não revê-los para conservá-los em minha memória com o mesmo brilho que tinham quando os vi pela primeira vez. Por outro lado, filmes como o já citado “O Poderoso Chefão” e o clássico “E o Vento Levou” (1939), por exemplo, são filmes que parecem melhorar com o passar do tempo.

A expressão “Mais importante que ver é rever” não se aplica apenas ao cinema, mas também a todas as artes. Dificilmente ao reler o romance Ensaio sobre a cegueira”, do escritor português José Saramago, publicado em 1995, ou ao rever a peça Auto da Compadecida”, concluída em 1955 pelo paraibano Ariano Suassuna, ou ao contemplar a “Pietá”, uma das esculturas mais famosas do artista renascentista Michelangelo, ou ao ouvir a Nona Sinfonia composta por Beethoven, ou a admirar o sorriso enigmático da “Mona Lisa”, a mais notável e conhecida obra do pintor italiano Leonardo da Vinci, você nunca irá sentir a mesma coisa que sentiu como quando da primeira vez. É assim no cinema, é assim nas artes, é assim na vida...

12.20.2007

Why So Serious?

Assista ao bombástico trailer do novo filme do homem-morcego

A divulgação do filme “Batman - O Cavaleiro das Trevas” (The Dark Knight) começa a pegar fogo. Essa semana nossa queridíssima Warner Bros jogou na World Wide Web o primeiro trailer do filme, que está sendo exibido nos cinemas dos EUA antes das sessões de “Eu Sou a Lenda”.

Christopher Nolan assume a direção mais uma vez e Christian Bale novamente dá vida ao Batman, que com a ajuda do tenente Jim Gordon (Gary Oldman) e o promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart) lutam para por um fim a mais uma ameaça à paz de Gotham.

Você já deve imaginar quem é o responsável por tal ameaça não é? Pois será ele mesmo. O gênio do crime, também conhecido pelos mais íntimos como Coringa, dessa vez interpretado por Heath Ledger, indicado ao Oscar de melhor ator em 2005 pela atuação em “O Segredo de Brokeback Mountain” (Brokeback Mountain). Confesso que fiquei com o pé atrás quando soube que o Coringa seria interpretado pelo mesmo ator que tinha feito o papel de um cowboy homossexual. Será que ele conseguiria fazer algo tão contrário? Algo tão assustador e que fosse verdadeiramente arrepiante? FELIZMENTE mordi minha língua. Heath Ledger consegue passar através de suas expressões faciais e pelo tom de voz, a loucura e o terror característico do vilão. Nem cheguei a sentir falta do Jack Nicholson ou de qualquer outro que tenha interpretado Coringa nesses anos todos.

Vamos ao trailer. Clicando no “play” do aguardadíssimo vídeo logo abaixo, damos de cara com o desabafo em off do vilão insano, contando que não existe como mudar as coisas, o homem-morcego é assim como ele, uma aberração. Mais adiante começamos a ver rostos conhecidos como Morgan Freeman, Michael Caine, Maggie Gyllenhaal… Em uma cena assaz interessante vemos o comissário Gordon observando dos pés a cabeça o Coringa. Por fim, eis que surge, o que deve ser a grande batalha final, entre Batman e Coringa no meio da rua. Eu não sei se você percebeu, mas durante os dois minutos e 6 segundos do trailer não vemos em nenhuma cena o Duas-Caras (Aaron Eckhart). Mas isso é o que menos importa... Eu só quero saber se falta muito para chegar 18 de julho de 2008.

COTAÇÃO: 10/10

12.01.2007

Canal de TV exibe 50 filmes para assistir antes de morrer

Clássicos pop como “E.T.”, “Laranja mecânica” e “Rocky, um lutador” fazem parte da lista. Ciclo começa dia 1º de dezembro e vai até dia 26 no TCM Classic Hollywood.

Qualquer fã da sétima arte tem (ou pelo menos uma vez na vida já deve ter feito) uma lista com seus filmes prediletos. Os critérios para escolha dos filmes são os mais variados e vão desde os filmes clássicos até aqueles que simplesmente ficaram marcados na memória por algum motivo. Porém, é muito comum quando fazemos ou vemos uma lista de “melhores filmes”, surgir uma duvida: Mas, afinal, quais são aqueles filmes obrigatórios, que realmente não devemos passar a vida sem assistir?

O canal de televisão TCM Classic Hollywood, da TVA e Sky, resolveu dar uma "forcinha" para todos aqueles que apreciam bons filmes. Durante o mês de dezembro, o canal irá exibir o ciclo “50 Filmes para Assistir Antes de Morrer”, que começa no sábado (1°) e vai até o dia 26.

A lista do canal, que segue abaixo com a programação, teve como base uma votação do American Film Institute, que reuniu diretores, atores e críticos especializados de Hollywood. A seleção não se restringe apenas a clássicos antigos como “Casablanca” e “Cantando na chuva”, mas também inclui clássicos pop como “E.T.”, “Laranja mecânica”, “Rocky, um lutador” e “Tubarão”.

1. "A nave da revolta" - sábado (1º), às 23h

2. "Sindicato dos ladrões" - domingo (2), à 1h10

3. "O mágico de Oz" – domingo (2), às 23h

4. "Este mundo é um hospício" – segunda-feira (3), às 0h45

5. "Cantando na chuva" – segunda-feira (3), às 23h

6. "A primeira noite de um homem" – (1967 - Com Dustin Hoffman e Anne Bancroft) - terça-feira (4), às 0h50

7. "Ben-Hur" – terça-feira (4), às 23h

8. "O dia em que a Terra parou" - quarta-feira (5), às 2h35

9. "Sementes de violência" – quarta-feira (5), às 23h

10. "Amor, sublime amor" – quinta-feira (6), à 0h45

11. "Psicose" – Aquele da famosa cena do chuveiro, dirigido pelo mestre do suspense Alfred Hitchcock - quinta-feira (6), às 23h

12. "Sem destino" – sexta-feira (7), à 0h55

13. "Super-Homem" – sexta-feira (7), às 23h

14. "Platoon" – sábado (8), à 1h30

15. "E o vento levou" – sábado (8), às 23h

16. "Levada da breca" – domingo (9), às 2h45

17. "E.T. – o extraterrestre" – domingo (9), às 23h

18. "Rocky, um lutador" – Clássico pop de 1976 com o “boca torta” Sylvester Stallone - segunda-feira (10), à 1h05

19. "A um passo da eternidade" – segunda-feira (10), às 23h

20. "O milagre de Anne Sullivan" – terça-feira (11), à 1h

21. "Anatomia de um crime" – terça-feira (11), às 23h

22. "Laranja mecânica" – obra-prima do cineasta Stanley Kubrick - quarta-feira (12), à 1h45

23. "Adivinhe quem vem para jantar?" – quarta-feira (12), às 23h

24. "Quem tem medo de Virgínia Wolf?" – quinta-feira (13), à 0h55

25. "Cidadão Kane" – quinta-feira (13), às 23h

26. "Vidas amargas" – sexta-feira (14), à 1h05

27. "Um corpo que cai" – outra obra de Hitchcock integra a seleção - sexta-feira (14), às 23h

28. "Manhattan" – sábado (15), às 1h15

29. "Lawrence da Arábia" – sábado (15), às 23h

30. "King Kong" – domingo (16), às 2h45

31. "A ponte do rio Kwai" – domingo (16), às 23h

32. "Taxi driver" – obra-prima de Martin Scorsese, com Robert de Niro - segunda-feira (17), à 1h45

33. "A mulher faz o homem" – segunda-feira (17), às 23h

34. "Intriga internacional" – terça-feira (18), à 1h15

35. "Vinhas da ira" – terça-feira (18), às 23h

36. "Kramer vs. Kramer" – quarta-feira (19), à 1h15

37. "Rastros de ódio" – quarta-feira (19), às 23h

38. "O expresso da meia-noite" – quinta-feira (20), à 1h05

39. "O falcão maltês" – quinta-feira, (20), às 23h

40. "Bonnie & Clide – uma rajada de balas" – filmado em 1967 - sexta-feira (21), à 0h45

41. "Operação dragão" – sexta-feira (21), às 23h

42. "Onde começa o inferno" – sábado (22), à 0h45

43. "Os profissionais" – sábado (22), às 23h

44. "A beira do abismo" – domingo (23), à 1h

45. "Tubarão" – dirigido por Steven Spielberg em 1975 - domingo (23), às 2h

46. "2001: uma odisséia no espaço" – segunda-feira (24), à 1h10

47. "Núpcias de escândalo" – segunda-feira (24), às 23h

48. "Sinfonia em Paris" – terça-feira (25), às 0h55

49. "Casablanca" – Clássico romântico com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman - terça-feira (25), às 23h

50. "Gata em teto de zinco quente" – quarta-feira (26), à 0h45

Antes de fazer qualquer tipo de critica a lista, é preciso esclarecer algumas coisas.

Primeiro: O que são filmes “clássicos”? – Vejamos, clássicos são todas as produções, sejam elas audiovisuais, literais ou musicais que marcam época. Produções que mesmo daqui a 10, 20, 30, 40 anos... Ainda serão lembradas. Os filmes que estão na lista, não especificamente revolucionaram o cinema, mas mesmo depois passados tanto tempo, ainda são lembrados.

Segundo: Temos que levar em conta que, por ter sido feita pela AFI - American Filme Institute, a lista só conta com filmes americanos. Vale lembrar também que qualquer um que já tenha assistido ao canal TCM Classic Hollywood, sabe que este, apenas exibe produções realizadas antes de 1980 ("E.T. – o extraterrestre" ainda é recente para eles!). Outra coisa que vale ser lembrada é que a lista também foi baseada na fitoteca do TCM, alguns filmes que deveriam estar na lista mas não foram lembrados pertencem a outros canais.

Terceiro: Antes de criticarem a lista, prestem atenção, pois a lista não diz “Os 50 melhores filmes”, a seleção reflete apenas a opinião de algumas pessoas que escolheram 50 filmes que não devem ser deixados de serem vistos.

Feitos os esclarecimentos, vamos agora as criticas. Levando em conta que esse canal é dedicado somente a filmes clássicos hollywoodianos, produções européias, asiáticas, sulamericanas e brasileiras ficaram de fora. Mas mesmo assim, a lista de filmes escolhidos é muito boa. Porém, entretanto, contudo, todavia, no entanto, todos nós sabemos que nenhuma lista é perfeita, alguns que não deveriam estar na lista são lembrados e outros que mereciam estar presentes são esquecidos. Como bom cinéfilo que sou, não só irei assistir aos filmes que faltam ser vistos por mim, mas também irei rever os que já tive o prazer de assistir.

Antes de me despedir, não poderia ficar sem deixar a minha lista de filmes que considero indispensáveis para qualquer pessoa, seja você cinéfilo ou apenas do tipo que curte pegar um cineminha com a(o) namorada(o) nos fins de semana chuvosos.

Vamos lá, parafraseando a lista do TCM, não morra sem antes ter assistido a estes filmes:

- O Carteiro e o Poeta (Il postino, 1994, Michael Radford)

- Trilogia de O poderoso Chefão (Coppola)

- As Pontes de Madison

- Cinema Paradiso

- Perfume de mulher

- A felicidade não se compra (Capra)

- Crepúsculo dos Deuses (Billy Wilder)

- A Malvada (Mankiewicz)

- Matar ou Morrer (Zinnemann)

- Pacto de Sangue (Billy Wilder)

- Dolce Vita (Fellini)

- Chinatown (Polanski)

- Sonata de Outono (Bergman)

- Blade Runner (Scott)

- Fundo do Coração (Coppola)

- Bye bye Brasil (Diegues)

- O Iluminado (Kubrick)

- O Doce Amanhã (Egoyan)

- O Incrível Exército Brancaleone (Monicelli)

- Os Intocáveis

- Pulp fiction (Quentin Tarantino)

- Diários de Motocicleta (Walter Salles)

Enfim, poderia citar inúmeros filmes que acho serem indispensáveis, esses foram apenas os primeiros que lembrei. Mas acredito que esses filmes são o suficiente para que vocês possam “passar dessa para melhor” com a alma leve e sem nenhum peso na consciência.

E você? Discorda da lista? Acrescentaria ou retiraria alguns dos que já foram citados? Dê sua opinião!

11.28.2007

"ESTAMOS EM GREVE!"

Greve. Do Francês grève - suspensão voluntária, coletiva e temporária do trabalho de um conjunto de pessoas por reivindicações ou protesto. É muito comum hoje em dia lermos notícias sobre greves. Sejam elas greves estudantis, greve de professores, greve de funcionários públicos, bancários e até mesmo greve de fome. A palavra “greve” está tão presente em nosso dia-a-dia que acabamos por muitas vezes não lhe dando importância. Mas, se ocorre a greve é porque algo não está agradando a um grupo de pessoas certo?

“Sim, mas e daí?” Você deve estar se perguntando. “O que isso tem haver com cinema?”. Nada, se não fosse por um detalhe: os grevistas da vez não são operários de uma metalúrgica, mas roteiristas americanos!

Novamente você se pergunta: “Sim, mas e daí?”. Bem, e daí que vários filmes e séries ficaram “órfãos” e a produção teve que ser interrompida. Sabe aquela sua série favorita? Ela corre sério risco de ser cancelada ou de entrar em coma profundo sem previsão de volta. E aquele filme que você está esperando ansioso pela sua estréia, pode demorar e muito para chegar as telonas. Mas apesar de tudo, não devemos ficar com raiva dos roteiristas. Claro que pode ser frustrante para fãs como eu saber que essas coisas podem e estão acontecendo, mas roteirista também é gente e tem que trabalhar com dignidade. Vamos tentar entender a situação desses camaradas do audiovisual, antes de tudo.

Qualquer fã de cinema que tenha navegado pela World Wide Web durante esse mês já deve ter se deparado com alguma notícia sobre a crise pela qual passa o entretenimento norte-americano devido a greve da associação dos roteiristas (Writers Guild of America). A instituição exige participação nos lucros dos produtos vendidos em DVD (seriados e filmes) e disponíveis na internet (programas de televisão). Do outro lado estão os grandes estúdios, que não querem ceder e já aplicam represálias aos grevistas.

A televisão e o cinema estão ficando comprometidos. Roteiros não são escritos e produções ficam paradas no estágio de pré-produção. As filmagens de "Anjos e Demônios", segundo filme baseado nos romances de Dan Brown estão paradas. Brad Pitt abandonou a produção do suspense “State of play”, e pode ser processado pela Universal Studios por quebra de contrato. Um filme de Johnny Depp, e um musical estrelado por Penélope Cruz tiveram seus projetos congelados, pois os roteiros não foram finalizados antes da greve. Seriados de televisão estão sendo reprisados e as novas temporadas, adiadas. Seria o fim dos dias chegando?

Até mesmo o atual governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger (O Exterminador do Futuro I, II e III além de... advinha? Fim dos dias (End of Days - 1999) entrou na briga. O ator está mediando as conversas entre os lados envolvidos visando uma rápida solução, pois a greve atinge em cheio a economia do estado.

Tanto roteiristas, quanto os “chefes” dos estúdios de cinema e canais de televisão estão dispostos a conversar, mas não de ceder. Os roteiristas defendem que a venda dos produtos em DVD e a venda dos conteúdos na internet não deixa de ser uma nova forma de veiculação do trabalho deles. Os “chefes” das corporações dizem que compram “direitos autorais”, podendo veicular os produtos em diversos suportes sem pagar adicionais.

A associação dos atores norte-americanos (SAG) entrou na briga ao lado dos roteiristas, o que pode influenciar o resultado final do impasse.

Todos nós sabemos que a indústria do entretenimento audiovisual dos EUA é assaz competitiva. Isso não é novidade para ninguém. Vejamos, por lógica, cada setor dessa industria precisa defender seus interesses e integrantes. Antes, a maior parte dos “operários” dessa indústria era assalariada. Artistas, diretores e os tais roteiristas trabalhavam com exclusividade para uma determinada rede ou estúdio. Nos dias de hoje isso mudou. Não existe mais essa “exclusividade”, ou seja, todo mundo em Hollywood é freelancer. Quando soube da situação, no primeiro momento pensei que seria o fim do mundo. Sim, um pouco exagerado talvez, até porque depois descobri que essa não é a primeira greve feita pelos roteiristas. Nos anos de 1985 e 1988 aconteceram outras duas, pelos mesmos motivos dessa de 2007: renegociação de contrato por uma condição mais justa de trabalho.

Um detalhe interessante que vale ser ressaltado é o fato das greves coincidirem com os grandes avanços tecnológicos. Por exemplo, o Digital Versatile Disc, também conhecido pelos mais íntimos como DVD é um dos culpados pela discórdia. Junte ao DVD o crescimento da Internet e as novas tecnologias celulares e advinha o que temos? Um efeito dominó violento!

Entenda: a cada DVD vendido, os roteiristas “participantes” recebem US$ 0,04. Agora, eles querem dobrar o valor, passando para US$ 0,08. Não é preciso pedir ajuda ao matemático Oswald de Souza para saber que essa “pequena” mudança iria pesar nos bolsos dos “chefinhos”. Do outro lado desculpas já estão sendo elaboradas: Para os chefes, está cada vez mais caro distribuir e promover um DVD. Vocês acreditam nisso? Pois é, nem eu. E digo mais, para mim, o papel de um roteirista é tão importante quanto o de um diretor. Até porque dificilmente um filme com um roteiro ruim poderia ser bom só por conta da direção.

Será que a hierarquia das “cadeirinhas” deveria ser alterada também? Afinal, é um trabalho em equipe, entre diretores, atores e roteiristas. Por que diabos, então, só os diretores e os atores levam a fama descaradamente? E as idéias geniais e os calos nos dedos, como ficam?

Mais uma vez faço minhas as palavras do nosso ilustre Cid Moreira: “Estamos de ôôôÔÔÔôôôlho...”. E digo mais, devemos ficar de olhos bem abertos mais precisamente em junho de 2008. O que essa data tem de tão especial? Nada, se não fosse o fato da Screen Actors Guild – sindicato dos atores de Hollywood – renegociar seu contrato com os estúdios. E advinha qual será a pauta da discursão? A mesma dos roteiristas: DVD e novas tecnologias – quanto a gente ganha com isso? Imagina se eles entram em greve de classe também? É o apocalypse chegando...

11.14.2007

Saiba quem viverá Goku e Piccolo no cinema

Com produção de Stephen Chow, o filme terá Justin Chatwin e James Marsters puxando a fila do elenco

A adaptação Live-Action que irá levar para as telonas a série de mangás e animês criada por Akira Toriyama já conta com dois atores confirmados. Segundo a Fox, o escolhido para interpretar "um poderoso extra-terrestre criado como humano e mestre em diversas artes marciais", também conhecido pelos mais íntimos como Son Goku é Justin Chatwin. Sabe o filho de Tom Cruise em "Guerra dos Mundos"? Pois é, será ele mesmo.

James Wong (Premonição I e III) assume a direção e a produção do longa fica por conta de Stephen Chow, ator e diretor de "Shaolin Soccer" e "Kung-Fusão".

Rostos ocidentais vivendo ícones de animês? Será que isso vai dar certo?

Quem viverá Piccolo nas telonas será James Marsters, também conhecido como Spike na série da Buffy, ou como Brainiac para os fã de Smallville.

Para o longa, os atores já estão sendo treinados pela mesma equipe de dublês que trabalhou em produções como "Matrix", "300" e "Supremacia Bourne".

As filmagens começam no fim do mês. DBZ tem estréia prevista para 15 de agosto de 2008. É impressão minha ou é um prazo muito curto para produção de um filme que ousa fazer jus aos efeitos da série Dragon Ball Z?

10.25.2007

Longa de Cao Hamburger bate 'Tropa de elite'

'O ano em que meus pais saíram de férias' venceu o favorito 'Tropa de elite' ao ser escolhido como candidato nacional ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
O anúncio foi feito pelo Ministério da Cultura, no Rio de Janeiro. Uma comissão formada pelos jornalistas Ana Paula Sousa e Pedro Butcher, os cineastas Hector Babenco e Bruno Barreto e os críticos Rubens Ewald Filho e Leon Cakoff elegeram o título entre 18 que concorriam à vaga.

“Independente de sermos escolhidos ou não pela Academia [para concorrer ao Oscar], é importante ter filmes de qualidade e com pegada diferente, é importante mostrar que o cinema brasileiro é bem feito e variado” - Cao Hamburger

“Estabeleceu-se um padrão de qualidade na Academia e O ano em que meus pais saíram de férias é o que mais se aproxima desse padrão entre os 18 filmes inscritos” - Rubens Ewald Filho.

“O júri é composto por veteranos da Academia, que entendem muito de cinema, mas que já pré-estabeleceram o que querem ver” - Leon Cakoff.

Também foi destacado o fato do longa já ter data de estréia marcada para dezembro nos Estados Unidos. “Isso dá um grande impulso ao filme. E agora, com a indicação, certamente haverá um esforço ainda maior para sua divulgação”, disse Orlando Senna.

O jornalista Pedro Butcher concordou, acrescentando que o filme tem “vocação internacional”. Hector Babenco, no entanto, fez questão de destacar que o principal critério foi a qualidade do filme. “Não especulamos tanto sobre o que o mercado quer ou não, porque somos homens de cinema. Analisamos um a um e vimos que O ano em que meus pais saíram de férias era o mais completo. Tinha que ser um filme que nos agradasse e tivesse perfil internacional”, afirmou o diretor.

Os jurados explicaram porque não selecionaram Tropa de Elite, que recebeu grande destaque da mídia, principalmente pela questão da pirataria, e era um dos favoritos. Segundo eles, o filme de José Padilha ficou entre os três finalistas, concorrendo também com O Céu de Suely, de Karim Aïnouz. “Tropa de Elite segue os padrões americanos, das séries policiais. Para os membros da Academia, denúncia de corrupção e violência não são novidade. Eles vão ver como mais um filme policial e o que eles procuram é algo diferente, não cópias”, afirmou Rubens Ewald, completando que o filme lembra o caso de Cidade de Deus, que abordava temática parecida e foi rejeitado pela Academia.

“Mas vamos torcer para que ‘Tropa’ consiga outras indicações, como Cidade de Deus, disse Leon Cakoff, referindo-se à indicação de melhor diretor para Fernando Meirelles em 2004. Tropa de Elite não poderá mais concorrer a melhor filme estrangeiro, já que foi lançado no Brasil em 2007 e apenas um filme de cada país é selecionado por ano. Se estrear ainda esse ano nos Estados Unidos, poderá concorrer em outras categorias no Oscar 2008. Mas, se estrear no ano que vem, essas indicações podem só ocorrer na premiação de 2009.

O ano em que meus pais saíram de férias é o segundo longa de Hamburguer e retrata um garoto que viaja com os pais de Minas Gerais para São Paulo. Eles dizem que vão tirar férias e, por isso, irão deixar Mauro (Michel Joelsas) na casa do avô (Paulo Autran, em participação especial) por um tempo. Mas o verdadeiro motivo da separação temporária é que os pais de Mauro estão sendo perseguidos pelo regime militar. A trama tem como pano de fundo a Copa do Mundo de 1970 e o tricampeonato da seleção brasileira de futebol.

Um filme brasileiro nunca recebeu o Oscar de melhor filme em língua estrangeira. O mais próximo que estivemos da estatueta foi na disputa de 97, quando o longa nacional era considerado favorito mas acabou surpreendido pela produção holandesa Character.

O ano em que meus pais saíram de férias tentará ser o quinto filme brasileiro a chegar na lista final de indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro – tradicionalmente composta por cinco produções. Os outros foram: O Pagador de Promessas (1962), O Quatrilho (1995), O que é isso, companheiro?(1997) e Central do Brasil (1998).

Os cinco finalistas da disputa serão anunciados no dia 22 de janeiro de 2008, cerca de um mês antes da cerimônia.

10.18.2007

Confira o trailer de "O Caçador de Pipas"

Falado em dari, uma das línguas do Afeganistão, com direção de Marc Foster (Em busca da terra do nunca) e roteiro de David Benioff, a versão para o cinema baseada no best-seller O Caçador de Pipas - The Kite Runner, de Khaled Hosseini, já está causando polêmica mesmo antes de sua estréia. Tudo isso se deve a uma cena de estupro na qual um dos atores-mirins é violentado. Em conseqüência disso, o lançamento do longa foi adiado em seis semanas, tempo suficiente para que o estúdio Paramount Vantage retire do Afeganistão as famílias dos seus garotos-astros , com a finalidade de protegê-los de possíveis represálias locais.

De acordo com o jornal The New York Times, a polêmica está no fato de que a cena mostra um garoto da etnia Hazara, sendo violentado por um adulto da etnia Pashtun - dominante no Afeganistão e que sustentou o regime talibã até a invasão do Exército norte-americano na busca por Osama bin Laden. A avaliação é que a seqüência poderá causar tensões entre os povos afegãos.

Khaled Hosseini retrata em seu livro a Cabul da década de 70, antes de ser invadida pelos soviéticos, até a chegada ao poder dos guerrilheiros talibãs. Tendo dois garotos como personagens principais da trama, "O Caçador de pipas" tornou-se um dos grandes best-sellers da atualidade.

A trama é dividida em três partes. Na primeira, ambientada no Afeganistão em 1978, mostra a amizade de dois meninos de 12 anos: Amir, que mora com seu pai, Baba, um rico e sofisticado viúvo, e Hassan, filho de um empregado de Baba. Devido a uma atração em comum por filmes de ação norte-americanos e pipas, os dois garotos acabam desenvolvendo uma forte ligação.

Mas quando Hassan é brutalmente violentado e agredido por um bando de valentões do bairro, Amir fica com medo e não consegue ajudar seu melhor amigo. Sua covardia o perseguirá ao longo dos anos, até mesmo depois que ele e seu pai são obrigados a fugir e seguem para os Estados Unidos, após a invasão soviética.

Passada uma década, o agora adulto Amir vira um aspirante a escritor e conhece Soraya Taheri, com quem se casa. Soraya se muda para a casa de Amir e cuida de Baba até ele morrer. Algum tempo depois Soraya descobre que não pode ter filhos e se recusa a adotar uma criança.

Na última parte, passada em 2000, Amir já é um autor bem-sucedido e feliz, mesmo depois da morte de seu pai e de não ter conseguido ter filhos. Porém sua tranqüilidade é interrompida depois que ele recebe um telefonema de um antigo amigo da família, que lhe conta que Hassan foi morto por um soldado e deixou um filho abandonado em um orfanato. Amir, então, vê no garoto a chance de corrigir os erros do passado e decide viajar à perigosa Cabul para resgatar o menino e trazê-lo para os EUA.

O diretor Marc Foster afirmou ao New York Times que avisou ao pai de um dos garotos que haveria uma cena de estupro na produção. O pai teria dito que "coisas ruins acontecem nos filmes como acontecem na vida".

A adaptação para as telonas de O Caçador de Pipas já tem data no Brasil, a Paramount irá lançar o filme aqui no feriado de 25 de dezembro.

COTAÇÃO: 9,0/10