8.18.2007

Porque a vida não é um conto de fadas

Babel

(Babel, 2006) Gênero: Drama Duração: 142 min. Origem: EUA Direção: Alejandro González Iñárritu Roteiro: Guillermo Arriaga
Mais um delicioso filme amargo do diretor Alejandro Gonzalez Iñarritu.
“Um filme denso, seco, muito bem filmado, bem montado, bem produzido e consistente do início ao fim”. Seria assim que eu resumiria em uma única frase Babel, terceiro filme do mexicano Alejandro Gonzalez Iñarritu. Depois dos seus brilhantes Amores Brutos e 21 Gramas Iñárritu encerra com Babel o seu projeto ousado de montar três filmes sem uma estrutura convencional narrando histórias de personagens que possuem alguma ligação entre si.

Tomando como ponto de partida os princípios bíblicos da Torre de Babel, ao assistirmos o filme somos transportados para um universo incomunicável, egoísta, impiedoso, caótico e preconceituoso (não tão diferente do mundo em que estamos acostumados a ver nos noticiários). No filme, Richard (Brad Pitt) e sua esposa Susan (Cate Blanchett) viajam para o Marrocos na tentativa de recompor algo que foi perdido no passado. Durante a excursão um tiro atinge o ônibus em que estavam ferindo gravemente Susan. A partir desse acontecimento, presenciamos de forma não-linear as conseqüências dele para vários personagens em diferentes partes do mundo. Os filhos do casal são levados ao México para a festa de casamento do filho da babá e uma adolescente japonesa tenta lidar com os hormônios da juventude e as dificuldades que encontra por ser surda-muda. Enquanto isso, os garotos marroquinos que brincavam com um rifle sofrem com o incidente.

Logo de cara dá para perceber que "Babel" não é um filme para qualquer espectador. Repleto de metáforas cotidianas e com um roteiro intenso, não me surpreenderia se durante a metade do longa algumas pessoas já se sintam cansadas e loucas para desistir de continuar a assistir e voltar a viver suas vidas “normais”. Mas para aqueles que apreciam o lado bom da sétima arte, “Babel” será um prato cheio que causa uma satisfação final por ter realmente assistido a um filme de qualidade, inesquecível e original.

“Babel” levou o Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Dramático, deixando pra trás o pop e quase cult "Os Infiltrados" do Scorsese. Mas o que faz da obra de Iñárritu superior são as dimensões que sua abordagem proporciona não somente aos personagens, mas também ao público. Saber dosar o lado social com o político é uma das marcas presentes nos filmes do mexicano. O que tenho percebido nas produções cinematográficas mais recentes é que estamos saturados de idéias. É raro darmos de cara com um filme cuja originalidade seja impecável e que os estereótipos ou caricaturas não existam e com “Babel” não seria diferente, mas coube ao diretor e roteiristas darem o melhor tratamento à película para fugir desse lugar comum e isso tem sido o principal objetivo de muitos cineastas: não abandonar os clichês, mas dar uma nova roupagem para eles.

Talvez o único erro do filme tenha sido Pitt e Blanchett, que apesar de ótimo atores, encarnam o tédio hollywoodiano que a tudo corrói.
AVALIAÇÃO: 10/10

5 comentários:

º° Bibian °º disse...

A fotografia parece boa! Vou ver :)

bjos Leo!

Liderico Neto disse...

è polemico e premiado. Requisitos digno de um otimo filme. Otima critica. vou aceitar a dica.

Anônimo disse...

� um filme bastante interessante, realmente. Ao meu ver, trope�a um pouco em sua pr�pria pretens�o, mas � uma boa pedida.
A cr�tica americana, especialmente, gostou mto.

�timo texto, garoto.

Fernanda disse...

parabéns pelo texto leônidas! Como eu havia dito, mto bom msm!
E qnto ao filme concordo com vc. É para poucos...rs e mto bom!

Na Ponta da Língua disse...

Adorei o filme e o seu comentário, entretanto, não concordo com o tédio hollywoodiano.